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Mostrando postagens de 2023

O canto do galo

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 Semana passada estava pensando em como a gente tem medo de receber as coisas boas que a vida nos oferece. Não é insano isso? Pedimos, planejamos, agimos, lutamos e quando o que desejamos do fundo do coração se torna, enfim, realidade, simplesmente, duvidamos. Você também se sente assim? Eu sinto, com frequência.  É claro que isso, como tudo na vida moderna, tornou-se caso psiquiátrico (apesar de não ser considerado uma patologia) e recebeu o belo nome de síndrome do impostor. E, pra variar, tornou-se bem comum entre as mulheres. Pesquisando aqui mais sobre este tema descobri que um estudo americano apontou que 70% das entrevistadas também não se sentem à altura de suas conquistas. E isso não é apenas sobre eu e você. É sobre as poderosas que amamos. Nomes como Michelle Obama, Emma Watson, Jodie Foster, Meryl Streep. Parece impossível, não? Se elas não se sentem à vontade para muitas coisas. Imagina nós.  Existe uma dessas frases de internet que diz assim: tem tanta gente incrível se a

Chegadas e partidas

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 O título da coluna desta semana lembra o nome de um programa maravilhoso apresentado pela inspiradora Astrid Fontenelle , que depois de um longo período volta a ser exibido no canal GNT . Lembro da Astrid dos tempos da saudosa MTV. Achava ela o máximo: roqueira, descolada, super in…o que ela ainda é. Astrid soube evoluir com o tempo, driblar as mudanças da TV e continuar super atual à frente do também delicioso Saia Justa (só podia ter só ela como apresentadora, mas ok).  E é sobre isto que eu quero falar: ciclos. Acho que este termo, assim como gratidão, de tanto ser usado, acabou sendo banalizado, porém continua muito necessário. Quem me conhece sabe que adoro ver previsão de cartas no Youtube. E é muito chato quando elas indicam, por unanimidade, o fim de ciclos em minha vida (só não é mais chato quando a carta da torre cisma em me perseguir. Entendedores entenderão). Gente, pelo amor de Deus, que raio de fim de ciclo é este? Desde que me conheço estou encerrando estes ditos períod

O que sobrevive ao cinza?

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 Não para de chover. O céu está cinza, gris como também é conhecido. Algumas partes das nuvens também se apresentam na cor cinza chumbo, que eu adoro. Fica ótima em uma parede da sala com outros tons de cinzinha. Dizem que o cinza é o novo bege. E concordo plenamente. Chique. Também adoro a palavra gris. Acho que a primeira vez que a vi foi em uma letra da Ana Carolina. Gris, claro, lembra o grisalho. E isso me lembra automaticamente do que eu vou fazer com os primeiros fios gris que insistem em nascer no canto direito da minha fronte.  Decidir ou não decidir. O cinza pra mim é bem isso: uma indecisão. Nem chove, nem faz sol. Nem preto, nem branco. Apenas cinza. Tem gente que gosta. Eu não gosto. Você nunca sabe o que esperar de um dia nublado. Apostar para sair em um dia de nuvens é conviver com uma incerteza constante: ou você aproveita o dia mais lindo de sua vida ou talvez o dia mais chuvoso de sua existência. Para mim um dia cinza é um dia morno. E isso me faz lembrar a vida de mu

Amor a 40k/h

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 O amor depois dos quarenta é mesmo um tanto complicado.Todo mundo é vivido demais, machucado demais, desconfiado demais. É bem diferente do amor de vinte e trinta. O de vinte é aquela coisa maluca, inesperada, à flor da pele, vivido na casa dos pais, na tensão entre o desejo e a dúvida se é mesmo a coisa certa a se fazer. O de trinta, um pouco mais calmo, rola já de olho no “felizes para sempre”. Afinal, todos os amigos estão engatilhados e só resta a você dizer o sim (aqui devemos ter cuidado também com o que eu chamo de “a maldição dos 30”, mas isso é tema para uma outra coluna). Com as mudanças que vivemos, a régua dos 30 se alongou. As pessoas estão demorando um pouco mais para casar e, consequentemente, a ter filhos. E, consequentemente de novo, os cinquenta serão, em breve, os novos quarenta.  Depois das quatro décadas o amor muda de tom porque os relacionamentos ganham, como vamos dizer, uma nova roupagem. E nem estou falando dos fios brancos, das ruguinhas ou da barriguinha sa

A voz de quem continua presente

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 Pensando em um tema para este texto lembrei que hoje é o Dia dos Avós. É uma data que acabou esquecida na memória dada a importância que estas pessoas tiveram e têm na vida de muitos de nós. Lembro bem dos meus velhinhos, ou pelo menos parte deles. Do meu vô Augusto levo pouco na memória porque não o conheci, mas carrego comigo o peso de seu sobrenome, Bousfield, do qual tenho grande orgulho. Quando vejo sua foto 3x4 amarelada penso que ela possa esconder muito mais histórias do que não conhecemos. Simpatizante de justiça social, como alguns dizem, escrevia para pessoas importantes da política e penso que, assim, sob esta ótica, talvez tenhamos mais gostos em comum do que possamos crer.  Da minha vó Braulina, ou carinhosamente Vó Bola, lembro do colo, dos mimos e do jeito que me embalava na cadeira de balanço enquanto víamos juntas o Sítio do Picapau Amarelo. Mas ai de quem roubasse suas bolachas ou secasse as mãos em seus panos de prato! Não, não! Isso a deixava doida da vida. Sim, e

Por que Madá?

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 Madá é muito mais que um nome, é uma extração de paixão que sinto no peito. Uma história de amor antiga. Madá é Madalena, minha grande referência, minha mãe, aquela que me escolheu para vir a este mundo, que é o peito que me abriga nos momentos de melancolia, e de alegria. É minha referência de mulher, da mulher que dá conta, dá amor e, assim como tantas de nós, dá muito mais que poderia dar. É ela, de forma tão sábia, que me ensinou a dar mais um passo quando meus pés já estavam paralisados pelo medo, a levantar a cabeça quando a carga do mundo já me pesava a alma. Que me ensinou a acreditar em Deus, na Virgem, na vida. E que, mesmo diante dos piores momentos, suspirava: “não há de ser nada, minha filha”.    Madá também é Maria Madalena, a mulher histórica que encarna as injustiças que nós, mulheres, sofremos. Ela nos inspira como um ícone de resistência em contraponto à energia masculina que domina o planeta. Maria Madalena, ou Magdala, herdeira de grande saber espiritual que, assim

(Re)escrevendo histórias

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Uma pergunta martelava: porque não quero mais escrever? Porque se tornou uma obrigação e não uma necessidade, como dizem os grandes escritores da história. Por mais que refletisse, não conseguia chegar a uma resposta que me contentasse. Porque eu trabalho escrevendo o dia inteiro? Talvez? Talvez. Mas a resposta mais aproximada foi: porque o que eu escrevia já não fazia mais sentido  algum para mim. Assim como tantas coisas, a escrita mudou seu sentido. A vida mudou, eu mudei e as letras, por consequência. Sempre me reconheci como uma “escrevinhadora” de poemas. Me lembro da primeira quadrinha: a rosa. E gostando do resultado e observando que as pessoas também gostavam do resultado (ou pelo menos era o que parecia), continuei. E eis que mais um hiato. Anos da juventude sem uma única estrofe. Até que…voltei a Joinville e voltou a conexão poética, e digo mais, uma intensa ligação poética. Pesquisas de autores, cursos e cursos, novo grupo de amigos, concursos (até com boa classificação!).

Lá vamos nós de novo.

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 Escrever é rasgar a alma.Algum escritor famoso já deve ter escrito isso. E mostrar suas entranhas, creia, não é nada fácil (aliás, ficar escondida em um eu lírico seria muito bem mais confortável neste momento). Mas tem coisas que, não tem jeito, precisam ser ditas cara a cara. Bem, depois de um longo, longo, longo tempo sem escrever, volto a escrevinhar algumas linhas, coisas do coração e da alma que são fruto de muito pensamento e de muitas reviravoltas na vida. Assim como a escrita, a vida é feita de fases. Ciclos que não fazem mais sentido ficam para trás, por mais dolorido e libertador que isso seja. Já não escrevo do mesmo jeito, pois a escrita é um caminhar e tem que ser nada mais, nada menos do que uma reflexão do que somos.  Por que um blog? Blogs se tornaram over, eu sei, mas eu pesquisei muitas, mas muitas ferramentas de texto, e não gostei de nenhuma delas. E se trata disso: de sentir-bem com suas escolhas, por mais ultrapassadas que elas possam se. Seja feliz, ligue o fod