O que sobrevive ao cinza?

 Não para de chover. O céu está cinza, gris como também é conhecido. Algumas partes das nuvens também se apresentam na cor cinza chumbo, que eu adoro. Fica ótima em uma parede da sala com outros tons de cinzinha. Dizem que o cinza é o novo bege. E concordo plenamente. Chique. Também adoro a palavra gris. Acho que a primeira vez que a vi foi em uma letra da Ana Carolina. Gris, claro, lembra o grisalho. E isso me lembra automaticamente do que eu vou fazer com os primeiros fios gris que insistem em nascer no canto direito da minha fronte. 

Decidir ou não decidir. O cinza pra mim é bem isso: uma indecisão. Nem chove, nem faz sol. Nem preto, nem branco. Apenas cinza. Tem gente que gosta. Eu não gosto. Você nunca sabe o que esperar de um dia nublado. Apostar para sair em um dia de nuvens é conviver com uma incerteza constante: ou você aproveita o dia mais lindo de sua vida ou talvez o dia mais chuvoso de sua existência.

Para mim um dia cinza é um dia morno. E isso me faz lembrar a vida de muita gente. Uma vida constante, sem altos nem baixos. Eu admiro de verdade as pessoas que convivem bem com a segurança do dia a dia, mas viver no “quentinho” pra mim é simplesmente  insustentável. Talvez por um jeito meio geminiano de ser, acredito que a vida sempre tem uma experiência nova para me oferecer. Sempre me joguei (e percebo agora que muitas vezes de forma inconsequente) às oportunidades que me apareceram. Claro que muitas vezes paguei ( e venho pagando) um preço alto por isso. Muitas coisas que fiz não tiveram o desfecho que sonhava, mas enfim, tentei. 

Lembro de um pequeno trecho de um livro recomendado por um homeopata, que talvez não tenha contribuído para o meu quadro de pânico e ansiedade que vivia no auge dos meus 17 anos, mas que ficou guardado para sempre em minha memória. Era um livro chamado “ A verdade da vida”, da Seicho-No-Ie, e dizia para ter a coragem de “queimar pontes”, ou seja, viver a vida de forma tão intensa, esquecer o que passou de uma forma que torna praticamente impossível olhar para trás. E tenho vivido assim. Para mim as novas oportunidades sempre serão as melhores. E, graças a Deus, a vida não tem me decepcionado. 

Leia também: Falando em coragem de viver: você vai adorar a trajetória da personagem

Marianne, que aos 60 anos abandona tudo o que entendia como vida para realmente viver seu sonho no livro: O maravilhoso bistrô francês. de Nina George. 

Ouça ouvindo: Uma louca tempestade, de Ana Carolina (a música que comentei com você ali em cima). 




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