Amor a 40k/h

 O amor depois dos quarenta é mesmo um tanto complicado.Todo mundo é vivido demais, machucado demais, desconfiado demais. É bem diferente do amor de vinte e trinta. O de vinte é aquela coisa maluca, inesperada, à flor da pele, vivido na casa dos pais, na tensão entre o desejo e a dúvida se é mesmo a coisa certa a se fazer. O de trinta, um pouco mais calmo, rola já de olho no “felizes para sempre”. Afinal, todos os amigos estão engatilhados e só resta a você dizer o sim (aqui devemos ter cuidado também com o que eu chamo de “a maldição dos 30”, mas isso é tema para uma outra coluna). Com as mudanças que vivemos, a régua dos 30 se alongou. As pessoas estão demorando um pouco mais para casar e, consequentemente, a ter filhos. E, consequentemente de novo, os cinquenta serão, em breve, os novos quarenta. 

Depois das quatro décadas o amor muda de tom porque os relacionamentos ganham, como vamos dizer, uma nova roupagem. E nem estou falando dos fios brancos, das ruguinhas ou da barriguinha saliente. O olhar muda. Estamos mais seguros e donos do próprio nariz. Aprendemos a reconhecer roubadas e a fugir delas, mesmo que o coração esteja gritando o contrário. Afinal, quem quer viver uma história que já conhece o fim? E quem paga pra ver, deve ganhar o título de trouxa do ano. 

Os medos continuam, mas de um outro jeito. Antes a falta do compromisso pelo medo de perder a liberdade, agora é o medo de acreditar em uma nova história e se machucar novamente.Todo mundo tem causos tristes para contar. Duvida? Experimente papear com alguém em um balcão de bar em fim de noite. Não esqueça de pegar o lencinho. E toda, toda conversa passa pelo motivo da separação ou na foto dos filhos mostrada sempre com muito orgulho no celular. É tiro e queda. E isso nos leva a uma outra face do amor maduro: os filhos. Dependendo da idade que o pretendido se casou pela primeira vez, eles podem ser crianças ou já adolescentes Talvez até adultos,o que leva à possibilidade dele estar prestes a se tornar (Deus me livre…) avô. Homens gostam de suas mulheres, mas são apaixonados mesmo pelos filhos. Por isso, a convivência cordial é regra básica e a torcida para que convivam em paz com a sua prole (se você a tiver) é fundamental. E é assim que acontece. Depois da troca de fotos dos filhos, pinta o clima, o convite do primeiro encontro e a pergunta fatal: “no seu playground ou no meu”. 

Leia e depois veja: O amor maduro, de Chico Buarque. Clique aqui. 




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