(Re)escrevendo histórias

Uma pergunta martelava: porque não quero mais escrever? Porque se tornou uma obrigação e não uma necessidade, como dizem os grandes escritores da história. Por mais que refletisse, não conseguia chegar a uma resposta que me contentasse. Porque eu trabalho escrevendo o dia inteiro? Talvez? Talvez. Mas a resposta mais aproximada foi: porque o que eu escrevia já não fazia mais sentido  algum para mim. Assim como tantas coisas, a escrita mudou seu sentido. A vida mudou, eu mudei e as letras, por consequência. Sempre me reconheci como uma “escrevinhadora” de poemas. Me lembro da primeira quadrinha: a rosa. E gostando do resultado e observando que as pessoas também gostavam do resultado (ou pelo menos era o que parecia), continuei. E eis que mais um hiato. Anos da juventude sem uma única estrofe. Até que…voltei a Joinville e voltou a conexão poética, e digo mais, uma intensa ligação poética. Pesquisas de autores, cursos e cursos, novo grupo de amigos, concursos (até com boa classificação!). Mergulhei na veia poética por alguns anos, e todos eles foram muito felizes. Até que surgiu a possibilidade de participar de um edital. E precisei rever toda minha produção. E me intrigou tudo o que vi. Nada mais parecia ter sentido. 

Meio a contragosto continue com o projeto. Enfim, era a oportunidade do tão esperado livro, da assustadora ideia do livro. E o golpe mortal veio quando mostrei a publicação para uma editora. Meio sem as palavras amigas que caracterizam um editor, meio com um desdém desnecessário, recebi o feedback de uma forma meio desconcertada. E seja bem-vindo a mais um hiato. Por isso, eu a coloquei no papel de algoz por muitos anos. A grande responsável por mais um trauma, por mais um nó na minha história. Mas, não. Só hoje consigo ver o quanto ela pode ter transformado minha história. O ciclo acabou e eu não havia percebido. Ela me fez perceber rimas nonsense, sem significarem nada para mim e possivelmente nada para ninguém. 

Hoje, em um outro momento, estou em um recomeço. Buscando referências, novas prosas. Esta coluna é produto disso. Novamente: a vida muda e eu também. Antes dramas e controvérsias habitavam um castelo de marfim. Hoje, eles habitam a vida real e se mostram como um caminho para tudo o que ainda há por vir. 


Leia ouvindo: O que se quer - Maria Monte


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